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sábado, 4 de dezembro de 2010

A literatura e sua importância para a sociedade.



A arte da literatura existe há alguns milênios, entretanto sua natureza e suas funções continuam objeto de discussão, principalmente para os artistas, seus criadores. Como qualquer outra arte, ela é uma criação humana, por isso sua definição constitui uma tarefa tão difícil. O homem, como ser histórico, tem anseios, necessidades e valores que se modificam constantemente. Suas criações – entre elas a literatura – refletem seu modo de ver a vida e de estar no mundo. Assim, ao longo da história, a literatura foi concebida de diferentes maneiras. Mesmo os limites entre o que é e o que não é literatura variaram com o tempo. Podemos definir, ou pelo menos tentar definir, a literatura como a arte que utiliza a palavra como matéria prima de suas criações.
A literatura, assim como todas as formas de arte, também reflete as relações do homem com o mundo e com os seus semelhantes, para Cândido (2000), a criação literária corresponde à certas necessidades de representação do mundo, às vezes como preâmbulo a uma práxis socialmente condicionada. Na medida em que as relações se transformam historicamente, a literatura também se transforma, pois que sensível às peculiaridades de cada época e aos modos de se ver a vida, de problematizar a existência, de questionar a realidade, de organizar a convivência social etc. Por isso, as obras de um determinado período histórico, ainda que se diferenciem umas das outras, possuem certas características comuns que as identificam. Essas características dizem respeito tanto a mentalidade predominante na época, quanto às formas, às convenções e às técnicas expressivas empregadas pelos autores.
A obra literária, utilizando a palavra, recria a realidade, a vida. Essa definição focaliza dois aspectos opostos, mas complementares da arte literária: criação e representação. Por um lado ela é invenção. O autor cria uma realidade imaginária, fictícia, mas o universo da ficção mantém relações vivas com o mundo real. Nesse sentido a literatura é imitação da realidade. Frequentemente os autores utilizam fatos de suas vidas como matéria de literatura. Mesmo nesses casos, não devemos entender os textos como simples biografias. Os fatos pessoais são apenas parte da matéria literária, o ponto de partida entre o que o autor viveu ou sentiu e a obra. Existem todas as mediações da invenção, da imaginação. Existe, sobretudo, o trabalho criativo com a palavra.
A literatura é um denominador comum da experiência humana. Aqueles de nós que leram Cervantes, Shakespeare, Machado, Flaubert ou Baudelaire entendem uns aos outros e se sentem indivíduos da mesma espécie porque, nas obras desses escritores, aprenderam o que partilhamos com seres humanos, independentemente de posição social, situação financeira e período histórico.
Nada nos protege melhor da estupidez do preconceito, do segregacionismo, do xenofobismo, do sectarismo religioso ou político e do nacionalismo excludente do que esta verdade que sempre aparece na grande literatura: todos são essencialmente iguais. Nada nos ensina melhor do que os bons romances a ver nas diferenças étnicas e culturais a riqueza do legado humano e a estimá-las como manifestação da multifacetada capacidade criadora humana. Ler boa literatura é ainda aprender o que e como somos - em toda a nossa humanidade, com nossas ações, nossos sonhos e nossos fantasmas -, tanto no espaço público como na privacidade de nossa consciência. Esse conhecimento se encontra apenas na literatura. Nem mesmo os outros ramos das ciências humanas - a filosofia, a história ou as artes - conseguiram preservar essa visão integradora e um discurso acessível ao leigo, pois também eles sucumbiram ao domínio da especialização. A censura aplicada à literatura (e outras artes) no período colonial e também durante o regime ditatorial, só serviram para reafirmar o poder exercido por ela sobre a sociedade.
“A função social comporta o papel que a obra desempenha no estabelecimento de relações sociais, na satisfação de necessidades espirituais e materiais, na manutenção ou mudança de certa ordem na sociedade”. (CÂNDIDO, 2000 p.41)
As funções da literatura variam como tempo e com as pessoas. Evidentemente, a função de uma obra literária depende dos objetivos, e das intenções do autor. Mas os leitores também têm maneiras diferentes de ler e são levados a abrir um livro por razões diferentes. Alguns buscam na literatura apenas uma forma de diversão sem grandes consequências para a vida; outros, um instrumento de transformação e de aperfeiçoamento. Uns consideram a obra literária apenas um artefato estético, criado para a contemplação da beleza; outros esperam que seja um veículo de analise e de crítica em relação a sociedade e a vida. Para Antônio Cândido,
“[...] A função social independe da vontade ou da consciência dos autores e consumidores de literatura. Decorre da própria natureza da obra, da sua inserção no universo de valores culturais e do seu caráter de expressão coroada pela comunicação.” (CÂNDIDO, 2000 p.41)
Certas épocas literárias foram marcadas pela importância que os autores atribuíram a perfeição formal de suas obras. Os temas passaram para um segundo plano, só interessando a beleza estética. Quando isso ocorreu, a literatura alienou-se da realidade, é o que ficou conhecido como “arte pela arte[1]”, uma forte característica, por exemplo, do parnasianismo. Se, ao contrário, a forma e o trabalho com a palavra são preteridos, reduz-se a obra a panfleto a mero instrumento de propaganda. Isso não impede que existam autores de valor realizando uma “literatura engajada”, isto é, comprometidos com a defesa de certas ideias políticas, filosóficas ou religiosas.
Muitos autores ousaram denunciar em suas obras a realidade crua, a estupidez e os sentimentos mais mesquinhos dos homens. Eles fizeram de suas obras um engajamento político. Perceberam que a sensibilidade estética pode se tornar uma poderosa arma contra as injustiças desse mundo, como a discriminação, a violência e a massificação das consciências.
Em Literatura e sociedade, Antônio Cândido dá a entender que dos movimentos literários podem nascer sugestões para a concepção de ideologias políticas. Há, então, uma necessidade de se distinguir como as ideias e o pensamento de um dado período são influenciados ou não por eles e, também, como tais movimentos sugerem mudanças de atos para os diversos campos da vida social. Para Cândido (2000), as manifestações artísticas são socialmente necessárias, traduzindo impulsos e necessidades de expressão, de comunicação e de integração.
Todo movimento de ideias ao trazer, de modo implícito e/ou explícito, choques acerca dos valores, da política, da organização social, etc., acaba sendo confrontado por outros movimentos de ideias que trazem à tona formas de resistência, de rejeição, de recusa às pressuposições questionadoras do modelo de organização social e cultural em voga. (Cândido 2000:108).
      Saber qual a influência exercida pelo meio social sobre a obra de arte e qual a influência exercida pela obra sobre o meio são questões que complementam uma a outra e norteiam o tema desenvolvido por Antônio Cândido no livro Literatura e Sociedade. Ele faz um tour pela literatura mundial, analisando questões sociológicas, históricas e filosóficas, sem esquecer do autor como sujeito criador e transformador, pois ele extrai do meio as suas impressões, internalizando-as e as "restitui desvinculadas , no que possuem de essencial, de quaisquer condicionantes externos".
Focando o tema sobre dois problemas capitais: sociedade-arte x arte-sociedade, percebe-se o movimento dialético que abarca a arte e a sociedade num vasto sistema solidário de influências mútuas. A apreciação dos vínculos entre Literatura e Sociedade ou a atribuição de uma função social à Literatura é tema de um sem número de pesquisas entre aqueles que defendem que toda obra literária deve obrigatoriamente cumprir um papel social e entre os que entendem a obra literária como algo absoluto, que existe em si e por si, não tendo compromisso algum além da estética.
A obra literária sofre influência do meio social e o influencia, sendo esse um processo de intervenção dinâmico. O saber suscitado pela literatura colabora para a sobrevivência de uma identidade social que se edifica como narrativa; esse saber tece imagens, ora inusitadas, ora familiares, à procura de manifestar o real que se torna tão mais intenso quanto maior for o estranhamento produzido pelo fato literário.
Não que a obra literária tenha essa atribuição ou qualquer outra obrigação (como querem alguns) e sim  porque está no seu ‘caráter humano’ já que é feita por homens. Quando falamos em manifestar o real, referimo-nos a determinados ângulos da realidade captados pelo olhar do autor, filtrados pelo seu próprio ideário cultural, sua percepção sensorial e afetiva e, finalmente, transformados por ele em escritura. Aqui, é preciso cuidado para não ser reducionista; a obra literária não é um mero produto da incorporação de realidades apreendidas ou criadas.
Sendo a literatura "a arte de criar com as palavras e seus sentidos" a relação entre a literatura e a sociedade é estreitíssima, assim como todas as artes. O artista é um destruidor e um construtor, é um crítico, é um sedento por demonstrar sentimentos e sensibilidades inauditas. Sendo o literato um artista, ele é um crítico social que "formata" suas ideias com a poesia, o conto, o romance e todos os formatos de expressão literária.
ADILSON PIRES


[1] Teoria que postula a autonomia da arte, isto é, a noção de que a arte deve ter como único objetivo proporcionar prazer estético, alheando-se de quaisquer outros fins ou valores.



A sociedade e a Informática




Com a evolução social, os atos de registrar e manipular dados e processos em grandes quantidades com precisão e rapidez tornaram-se imprescindível e isto fez surgir a Informática que, desde muito tempo, desempenha um papel fundamental na vida cotidiana das sociedades.  À medida que evoluíam as relações de produção, urgia também uma demanda na evolução dos equipamentos utilizados. Com o passar dos anos a informática foi sendo aperfeiçoada.  No final da segunda metade do séc. XX ocorreu uma verdadeira revolução nesse setor, pois, surgiu o PC (Personal Computer), a grande vedete da informática e junto com ele a World Wide Web (rede mundial de computadores) que encurtou distâncias e se tornou o maior banco de dados do mundo.
Cabe salientar que a informática não está relacionada apenas ao PC, ela também está; no rádio, na televisão, nos telefones, nas calculadoras, nos semáforos, nos elevadores, enfim, está em toda a parte. Diante deste cenário em que cada vez mais, a informática está inserida em nosso cotidiano, a adaptação das pessoas ao uso dessas novas tecnologias tornou-se uma necessidade (quase uma obrigação), para que consigam desfrutar de alguns benefícios que são decorrentes do bom uso de tais tecnologias.
Estamos vivendo em um período em que o uso da informática está revolucionando valores, aprendizagens e costumes. Os cidadãos do futuro irão enfrentar (assim como já estamos enfrentando) um mundo com rápidas mudanças numa sociedade cada vez mais globalizada.
As novas relações sociais decorrentes desse avanço tecnológico estão exigindo que as pessoas apresentem um novo perfil, isto é, múltiplos conhecimentos, habilidades no trabalho coletivo (que outrora não eram relevantes), capacidade e interesse em aprender sempre e facilidade de adaptação a diferentes situações e ambientes. Assim, todos independente de classe social, devem estar preparados para a operacionalização com as máquinas e para usufrui ao máximo os benefícios da informática. Sem dúvida, esta tecnologia que tem nos acompanhado e continuará cada vez mais nos próximos anos, permitirá que novos progressos venham a ser conquistados, em prazos cada vez mais curtos, alterando ainda mais nossos hábitos e organização social.

ADILSON PIRES

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O PESCADOR CEGO



O conto o pescador cego, como os demais de Mia Couto, foi escrito em uma prosa bastante figurativa. Ele consegue fazer com que o leitor sinta-se dentro da cena, tamanha a capacidade de descrição dos ambientes. No conto é usada uma mescla de expressões de vários dialetos moçambicanos, é o que outros autores consideram como “a africanidade do discurso”.
Este conto mostra o dia- a dia desse povo sofrido em busca da sobrevivência, ou seja, de modo sutil nos mostra a miséria em que estes vivem. Este conto, somado aos demais, compõe um retrato da vida real dos moçambicanos, seus mitos e suas crenças. Ele nos chama atenção pelo tom de estranhamento causado em algum as passagens como, a automutilação de Maneca e a tempestade desencadeada pela fumaça do incêndio do barco ( punição dos espíritos). 
Em algumas partes da narrativa estão expostas de maneira realista um forte conteúdo mítico, cuja expressão pode ser a narração do acontecimento insólito (a transfiguração do real) ou a criação de imagens “metamorfoseadoras”, através da linguagem, porém, pode-se notar que, se existe algo como uma personificação ou animação de coisas inertes, também existe nas narrativas um processo que leva à identificação do homem com os objetos ou com o espaço.
 Neste conto, o uso do excesso de informação permite que, através do ponto de vista de Salima, o pescador Maneca Mazembe seja comparado com o barco, o qual está parado desde sua mutilação: “Olhou o marido regressando e viu como se parentavam, homem e coisa: este, carente da luz; aquele, saudoso das ondas” (p. 101). Desse modo, a palavra transforma a realidade; a imagem poética muda a essência dos seres e das coisas. Notou-se que, se de uma parte essas narrativas figuram de maneira realista fatos e momentos históricos importantes do país, de outra parte apresentam um forte conteúdo mítico, cuja expressão pode ser a narração do acontecimento insólito (a transfiguração do real) ou a criação de imagens metamorfoseadoras, através da linguagem.

 ADILSON PIRES

Novas tecnologias: A inclusão do surdo



A comunidade de pessoas surdas encontra dificuldades no que diz respeito à inclusão social.  Neste contexto, o desenvolvimento de novas tecnologias serviria para amenizar os problemas encontrados pelos surdos em sua vida cotidiana.
            As pessoas surdas nem sempre foram atendidas em todas as suas necessidades pela sociedade. No passado, elas eram vistas como casos de “anormalidade”, o que de certa forma, justificaria a falta de compromissos, especialmente educacionais, para com esses indivíduos. Hoje, percebe-se um movimento da sociedade no sentido de proporcionar aos surdos uma vida sem tantos percalços, através do acesso a diversas facilidades, como os telefones especialmente adaptados, os aparelhos de fax e os celulares, com dispositivo de mensagem de texto etc.
            A possibilidade do surdo se expressar em língua de sinais na forma escrita já é realidade e tem possibilitado novos rumos à educação e a sua própria inclusão na sociedade. Com a evolução das técnicas e tecnologias de informatização os avanços obtidos têm sido notáveis. Uma questão que trata da inclusão dos surdos e que tem sido fortemente discutida é a relação entre homem e tecnologia, diz respeito ao desenvolvimento de ferramentas que melhorem a interação do surdo com o computador (facilitando assim seu processo de integração). Outro fator de grande importância (senão o maior), como já mencionado, é a língua brasileira de sinais que hoje esta bastante popularizada, ganhando espaço em anúncios e propagandas políticas. Graças a isso, a integração dos surdos está ocorrendo com maior naturalidade.
Embora tanto esforço esteja sendo empreendido, não são todos os portadores de surdez que conseguem usufruir das novas tecnologias oferecidas. Atualmente, as tecnologias tais como TDD (telefone para surdos), sinalizadores de campainha, telefone, bebê choro, relógio despertador vibratório, entre outras, ainda não chegaram a se popularizar, principalmente em, cidades do interior .
 Não podemos dizer que a atual situação social dos surdos é das melhores, porém, em comparação com épocas anteriores percebemos um grande avanço, e ao que tudo indica, e se continuarem os estudos para o desenvolvimento de ferramentas que possibilitem ao surdo uma melhor integração social, em alguns anos atingiremos a excelência nos “serviços” prestados aos surdos e pelos surdos.
ADILSON PIRES

BULLIYNG UMA PRÁTICA ANTISSOCIAL

 
BULLIYNG: UMA PRÁTICA ANTISSOCIAL


Adilson Pires

Professora-Ana Lúcia Sant’anna
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
História (T.0259) – Prática do Módulo I
09/10/10
 
 
RESUMO
Neste trabalho analisamos a prática do bullying como um comportamento cruel, em que os mais fortes subjugam os mais frágeis e os tornam objetos de diversão e prazer, através de brincadeiras que disfarçam o propósito de maltratar e intimidar além de promover a superioridade do agressor diante dos espectadores.  Neste, apresentamos uma revisão da literatura acerca do fenômeno bullying ou vitimiza­ção entre pares na escola, uma definição do construto ullying no ambiente escolar bem como, todos os envolvidos, as conseqüências deste ato e algumas dicas de como erradicar este mal do ambiente escolar a fim de torná-lo agradável. A partir disso, sugerimos, para discussão e reflexão, algumas ideias sobre formas de prevenção e inter­venção desse tipo de comportamento agressivo.


 Palavras-chave: Bulliyng. Agressão. Escola. 
RÉSUMÉ
Dans ce travail nous analysons la pratique bullying comme un comportement cruel, où ils les plus forts submergent les plus fragiles et ils les deviennent des objets de divertissement et du plaisir, à travers des tours qui déguisent l'intention de maltraiter et intimider outre promouvoir la supériorité de l'agresseur devant les spectateurs. Dans celui-ci, nous présentons une révision de la littérature concernant le phénomène bullying ou une vitimização entre des paires dans l'école, une définition de la construto ullying dans l'environnement scolaire ainsi que, tous les engagés, les conséquences de cet acte et de quelques conceils comment supprimer de celui-ci mal de l'environnement scolaire afin de le rendre agréable. À partir de cela, nous suggérons, pour discussion et réflexion, quelques idées sur des formes de prévention et intervention de ce type de comportement agressif. 
Mots-clés : Bulliyng. Agression. École.
1 Introdução

Este trabalho (baseado em pesquisa bibliográfica) consiste na abordagem de questões sobre o Bullying[1], esse fenômeno que afeta pessoas de todas as classes e que ocorre em qualquer ambiente social. Pretende-se com este, fazer uma descrição da prática do Bullying nas escolas, considerando opiniões de estudiosos de renome na área da psicologia do desenvolvimento e outros, e também contribuir para uma reflexão acerca deste tema, demonstrando suas principais características; o que leva alguém a praticar essa forma de violência, suas conseqüências para o desenvolvimento emocional dos envolvidos e para o processo de aprendizagem, bem como, formas de prevenção desse tipo de violência no ambiente escolar. Não se pretende aqui, esgotar o assunto que é considerado muito amplo e sim, fazer um apanhado geral acerca desta temática.
Todos que convivem com crianças e jovens sabem como eles são capazes de praticar pequenas e grandes perversões. Debocham uns dos outros, criam os apelidos mais estranhos, reparam nas mínimas imperfeições e não perdoam nada. Na Scola é bastante comum. Implicância, discriminação e agressões verbais e físicas são muito mais frequentes do que o que poderia se esperar. Esse comportamento não é novo, mas a maneira como pesquisadores, médicos e professores o encaram vem mudando. Essas provocações, hoje, são vistas como formas de violência e ganharam o nome de Bulliyng.

 O fenômeno Bullying é usado no sentido de identificar ações provindas dos termos zoar, gozar, tiranizar, ameaçar, intimidar, isolar, ignorar, humilhar, perseguir, ofender, agredir, ferir, discriminar e apelidar pessoas com nomes maldosos, que na grande maioria das vezes tem origem nas escolas através dos jovens alunos que assim praticam tais maldades contra determinados colegas que possuem algum defeito físico, assim como, os relacionados à crença, raça, opção sexual ou aos que carregam algo fora do normal no seu jeito de ser. (MARQUES, 2010).


Quando nos referimos ao tema violência nas escolas, logo vem a nossa mente formas explícitas de violência: vandalismo, pichação, rixas e agressões contra professores e alunos. No entanto, esquecemos ou não temos conhecimento de que nossas escolas convivem com uma violência, muitas vezes, mais cruel e, quase sempre ignorada pelos pais e professores. Estamos nos referindo ao fenômeno Bulliyng, essa prática que acontece todos os dias no cotidiano escolar.

2  CONCEITO DE BULLIYNG

O bulliyng, termo que vem da língua inglesa cujo significado (aproximado) em português é “valentão”, é tomado no âmbito da psicologia, como todas as formas de agressão sem motivação evidente que visam promover a dor e a humilhação na vítima, baseadas em relações desiguais de poder.

[...] define-se universalmente como “um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento”. Insultos, intimidações, apelidos cruéis e constrangedores, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos, levando-os à exclusão, além de danos físicos, psíquicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento bullying. (FANTE, 2009. grifo do autor).


               O bulliyng pode ocorrer em todos os ambientes onde haja relações sociais, porém, pode ser mais facilmente observada nas escolas, pois é lá que se encontram as pessoas mais vulneráveis a esse tipo de violência. Dentre estas, as que mais sofrem, são os adolescentes, pois, estão passando por um período de instabilidade emocional o que os torna mais propensos a esse tipo de violência.
Entendemos por violência uma realização determinada das relações de forças, tanto em termos de classes sociais, quanto em termos interpessoais. [...] relação hierárquica de desigualdade, com fins de dominação, de exploração e opressão. Isto é, a conversão dos diferentes em desiguais e a desigualdade em relação entre superior e inferior. Em segundo lugar, como a ação que trata um ser humano não como sujeito, mas como coisa. Esta se caracteriza pela inércia, pela passividade e pelo silêncio de modo que, quando a atividade e a fala de outrem são impedidas ou anuladas, há violência. (CHAUÍ, 1985, p. 35, grifos nossos).


 Segundo Walon (1975), nesta fase os adolescentes estão o passando por um período turbulento de auto-afirmação, crise de identidade entre outros aspectos. Estes elementos contribuem para a culminância de comportamentos variados, dentre eles, o papel de agressor ou aquele que pratica a violência sistemática contra seus pares. Tal violência consiste em fazer com que o outro seja humilhado e rebaixado na presença dos demais. Talvez este ato se deva a uma necessidade de provar ao grupo e a si próprio a sua superioridade afirmando assim, a fragilidade dos outros.

2.1   Bulliyng direto

 Esta é a forma mais comum de agressão, ou seja, a agressão física e esta mais vinculada aos agressores do sexo masculino. Os atos de bater, xingar, proferir ofensas ( formas explícitas de agressão) podem ser considerados bulliyng direto. A principal característica do bulliyng direto é o isolamento social da vítima. O medo das ameaças faz com que a pessoa se isole para evitar a concretização da violência.

2.2   Bulliyng indireto

 O segundo é mais comum entre as mulheres e as crianças e resumem-se a intrigas, difamação, calúnias e fofocas. A prática do bulliyng através da internet ou o cyberbulliyng[2] também se enquadra dentro do que se entende por bulliyng indireto. A atribuição tipo de bulliyng-sexo é apenas uma visão generalista, ou seja, ambos os sexos podem praticar as duas formas.

 3  OS ENVOLVIDOS
3.1  O agressor
            O agressor geralmente é uma pessoa que tem pouca empatia “popular” em seu grupo e deste recebe o aval para a prática da opressão da vítima que, via de regra, é sempre mais fraca que o mesmo. Normalmente os agressores são provenientes de famílias desestruturadas e carentes de afetividade e de limites cujos pais, ou são muito permissivos, ou são muito rígidos e exercem uma supervisão pobre sobre eles, toleram e oferecem, como modelo para solucionar conflitos o comportamento agressivo. Segundo Fante (2009), as consequencias da atitude do agressor acarretam em “falta de adaptação aos objetivos escolares, a supervalorização da violência como forma de obtenção de poder, o desenvolvimento de habilidades para futuras condutas delituosas, além da projeção de condutas violentas na vida adulta.

[...] a permissividade em família faz com que alguns adolescentes “mostrem-se egoístas, individualistas e apresentem dificuldades em desenvolver amizades, outros ficam despreparados para o futuro e não aprendem como regular as emoções [...], na escola não aceitam limites, agridem colegas, quebram objetos e regras. (BONSUCESSO,1999, p.10).

3.2  As vítimas

As vítimas sofrem tanto com as humilhações que chegam a pensar que são merecedoras destas, não oferecendo resistência alguma. Um forte sentimento de insegurança as impede de solicitar ajuda. Elas têm sua auto-estima prejudicada, quase nunca compartilham seu sofrimento, desenvolvendo algumas atitudes como isolamento social, insegurança, e mostrando-se indefesa diante dos ataques, para evitar o confronto, em muitos casos, desistem de freqüentar a escola. Geralmente são pessoas pouco sociáveis e sem esperança quanto à possibilidade de se adequarem ao grupo. A baixa auto-estima é agravada por intervenções críticas ou pela indiferença dos adultos sobre seu sofrimento. Muitos passam a ter baixo desempenho escolar, resistem ou recusam-se a ir para a escola, chegando a simular doenças.
Para fugir do problema muitos de colégio com freqüência ou, o que é pior, abandonam os estudos. Há jovens que, com extrema depressão, acabam tentando ou cometendo suicídio. Há também uma tendência em permanecer com baixa auto-estima até a fase adulta, o que é altamente prejudicial para o seu relacionamento social.


As conseqüências para as “vítimas” desse fenômeno são graves e abrangentes, promovendo no âmbito escolar o desinteresse pela escola, o déficit de concentração e aprendizagem, a queda do rendimento, o absentismo e a evasão escolar. No âmbito da saúde física e emocional, a baixa na resistência imunológica e na auto-estima, o stress, os sintomas psicossomáticos, transtornos psicológicos, a depressão e o suicídio. (FANTE, 2009, grifo do autor).
3.3  Os espectadores
Nem sempre reconhecido como personagem atuante em uma agressão, é fundamental para a continuidade do conflito. O espectador típico é uma testemunha dos fatos: não sai em defesa da vítima nem se junta aos agressores. As pessoas que testemunham estes acontecimentos, apesar de não concordarem com a agressão, não interferem, mostram-se indiferentes, com medo de serem eleitas pelo agressor como as próximas vítimas.
 Em muitos casos as testemunham unem-se aos agressores para afirmar sua superioridade e também, de modo velado, para salvaguardarem-se. De acordo com Fante (2009), “[...] Para os espectadores, que é [sic] a maioria dos alunos, estes podem sentir insegurança, ansiedade, medo e estresse, comprometendo o seu processo socioeducacional”.


4   ALGUMAS ATITUDES CONTRA A PRÁTICA DO BULLIYNG

No ano de 2009, no estado de Santa Catarina, foi criada uma lei para instituição do programa de combate ao Bullying, de ação interdisciplinar e de participação comunitária nas escolas públicas e privadas do Estado. Tal lei em seu artigo 4º diz que, “Para a implementação deste Programa, a unidade escolar criará uma equipe multidisciplinar, com a participação de docentes, alunos, pais e voluntários, para a promoção de atividades didáticas, informativas, de orientação e prevenção”. Considera-se a aprovação dessa lei uma atitude louvável, desde que seja colocada em prática, pois, todos os esforços envidados para o combate do bulliyng escolar se fazem necessários, pois, a escola é um lugar onde se formam os cidadãos de bem.
Segundo Vygotsky (1991), o homem é um ser social e as condições sócio-culturais o transformam profundamente, desenvolvendo uma série de novos comportamentos positivos. Considerando esse pressuposto, percebe-se a importância da participação dos adultos na resolução dos problemas que afligem os jovens, a fim de torná-los cidadãos de bem.
Acredita-se que a propagação do bulliyng, esteja relacionada a certo “desleixo” por parte das escolas em suprimir tais atos, porém não se pode deixar de enfatizar que os professores e administradores da escola temem represálias ao tomarem atitudes mais drásticas e por isso negam-se a enfrentar o problema. Cabe salientar ainda, que a família tem um grande peso quando se trata de reprimir esse tipo de ação. Um envolvimento mais ativo entre pais e professores nesta questão, serviria para aumentar a conscientização acerca do problema e consequentemente facilitaria a busca por soluções que viessem a amenizar o nível de incidência do bulliyng escolar.
A escola deve capacitar seus colaboradores para que eles possam identificar as vítimas e os agressores e também para que saibam como lidar com essa situação. Ela deve proporcionar aos alunos, um ambiente seguro para que ambas as partes sejam ouvidas e não sejam expostas aos olhares curiosos, deve-se levar em consideração, que tanto a vítima quanto o agressor estão com problemas e necessitam de um acompanhamento emocional.
            Quando não ocorre uma intervenção contra essa prática na escola, a mesma ganha aspectos negativos, propiciando uma insegurança e a ansiedade generalizadas, desestimulando os outros alunos a freqüentarem o ambiente escolar, que deveria ser de absoluta paz e harmonia.

5  CONCLUSÃO

Para que este tipo de violência seja extirpado da comunidade escolar, urge a necessidade de se reeducar os envolvidos, impondo limites, incutindo nos mesmos a capacidade de empatia e ensinando que todas as pessoas tem  direitos e deveres e que o respeito ao próximo é fundamental para uma boa convivência social.
A melhor forma de se extinguir o bulliyng é através do diálogo, todos os envolvidos devem ficar cientes das conseqüências negativas que essa prática acarreta na vida das pessoas e devem refletir acerca disso. É fundamental que, tanto em casa quanto na escola, a criança (ou adolescente) tenha liberdade para dizer o que pensa e o que sofre. O diálogo ajuda a entender o cotidiano do aprendiz. O principal sinal de perigo está naquele aluno que vai ficando apático e que se tranca na sua dor, sem revelar os sentimentos.
É necessário que cada escola, cada educador, cada educadora e cada família reflita e apresente, através de ações concretas, mudanças contínuas e pacientes que possibilitem a educação para a libertação, isto é, que cada vítima encontre entendimento para seu sofrimento e que cada agressor se dê conta de sua transgressão, renovando, assim, a esperança de viver em uma sociedade justa e solidária. É de fundamental importância que se desenvolva nas escolas, ações de solidariedade e de resgate de valores de cidadania, tolerância, respeito mútuo entre alunos e docentes.
Também é importante estimular e valorizar as individualidades dos alunos, além de potencializar eventuais diferenças, canalizando-as para aspectos positivos que resultem na melhoria da auto-estima do estudante. Enfim, deve-se preparar os jovens para que sejam adultos responsáveis e prontos para o exercício da cidadania.

6  REFERÊNCIAS


BONSUCESSO, Edina de Paula. Afeto e Limite: uma vida melhor para pais e filhos. Rio de Janeiro: Dunya Ed. 1999.
CHAUÍ, M. Participando do debate sobre mulher e violência. In: Perspectivas antropológicas da mulher. 3. Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Disponível em: http://www.psicologia.org.br/internacional/pscl84.htm. Acesso em: 21 out. 2010.
MARQUES, Archimedes. Fenômeno Bullying: Malefícios Irreparáveis e Crimes Diversos.      Disponível em  http://www.portalviva.com.br/. Acesso em 14 de Nov. 2010.
VYGOTKS, L.S A Formação Social da Mente. 3. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
WALLON, Henri. Psicologia e Educação da Infância. Lisboa: Estampa, 1975.
SANTA CATARINA. LEI nº 14.651, de 12 de janeiro de 2009. Institui o Programa de Combate ao Bullying, de ação interdisciplinar e de participação comunitária nas escolas públicas e privadas do Estado. Diário Oficial [de Santa Catarina], 18.524, de 12/01/09.


[1] Comportamentos agressivos e anti-sociais
[2] Forma virtual de propagação do fenômeno; conjunto de comportamentos agressivos, intencionais e repetitivos que são adotados por um ou mais alunos contra outros colegas via blogs, Orkut, You Tube, entre outros tipos de sites, além de mensageiros instantâneos e mensagens de texto escritas no telefone celular.