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domingo, 19 de maio de 2013

A ESCRAVIDÃO E A DESUMANIZAÇÃO DO HOMEM NO BRASIL COLONIAL: UMA DAS ORIGENS DA DESIGUALDADE SOCIAL

Adilson Pires

RESUMO

No início da colonização do Brasil, os portugueses utilizaram a mão de obra indígena. Com os problemas advindos da falta de aptidão para o trabalho apresentada pelos índios, optaram por trazer homens escravizados do continente africano. Aqui, esses escravos foram tratados como verdadeiros animais/objetos/máquinas e sofreram com sua desumanização. Trabalhavam muito, viviam em condições sub-humanas e sofriam severos castigos. Muitos se resignavam, outros se rebelavam e, em muitos casos, fugiam. O senhor do engenho não via os escravos como seres humanos e, por isso, os tratava como meras propriedades que lhes geravam lucros e prazeres. Com a promulgação da lei áurea em 1888, ‘cessou’ a exploração, esse povo tão sofrido agora ganhava as ruas, sem ter para onde ir e sem ter o que comer, submetia-se a serviços muitas vezes piores dos que aqueles que faziam no eito. Ficaram desamparados nas cidades, sofriam muito com o racismo e moravam em mucambos construídos em áreas impróprias para as moradias do homem branco. Foram e ainda são discriminados, contudo percebe-se que tal discriminação vem perdendo vigor com o passar do tempo.


Palavras-chave: Escravos. Desumanização. Exploração. Senhores de Engenho.


1 INTRODUÇÃO


Pouco aprendemos, até hoje, sobre o que o ser humano é capaz de fazer a um homem. Porque esses crimes contra a humanidade não foram acidentes da história: foram premeditados, justificados, codificados, durante séculos. Deixaram na consciência coletiva ocidental a marca profunda de um racismo histórico, um racismo dissimulado, mas ainda enraizado.(Christian Debrie)

Este trabalho visa relatar a relação entre os senhores de engenhos e seus escravos no Brasil colonial. Para tal decidimos abordar, neste TG, o período compreendido entre o início do período colonial até o final do Império (1888). Por meio de pesquisa bibliográfica, vamos mostrar que, os homens escravizados foram vítimas de um regime desumano, imposto pelo homem branco.
Convém salientar que a escravidão e o tratamento desumano a que foram submetidos diversos povos, não foi inaugurada no Brasil ou na América, esta, já era uma prática bastante antiga na Europa. Podemos dizer que, o que ocorreu nos países da América, em especial, no Brasil, foi a continuidade de uma prática cuja origem situa-se em um tempo relativamente remoto. A conquista e a exploração coloniais das Américas foram largamente inspiradas em experiências ocorridas no Mediterrâneo e inscrevem-se em linha direita numa continuidade ininterrupta em precedentes medievais. Não pretendemos, no âmbito desta pesquisa, esgotar todas as possibilidades de exploração do tema, e sim, traçar um panorama geral acerca do mesmo. A opção por este tema se deu pelo interesse em estudar as origens das desigualdades, em especial, a racial, cujas consequencias perduram até os dias atuais.
 Aqui também abordaremos, em ‘menor escala’ a tentativa do europeu em subjugar os povos indígenas – outro povo que também sofreu com as consequencias da estupidez e da ganância dos colonizadores europeus. Consideramos que as barbáries impostas a esses dois povos, (indígenas e africanos) não têm precedentes na história.

2 O TRABALHO DOS ESCRAVOS INDÍGENAS
A riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e não pela riqueza dos príncipes. (Adam Smith)

Os índios foram os primeiros seres humanos a ser escravizados no Brasil. Desde os primeiros anos da colonização até o ano de 1570 (data da emissão da Carta Régia que proibia  a escravização indígenas), essas  pessoas foram caçadas e obrigadas a se submeter às vontades do homem branco. De acordo com Fausto (2002, p.21),
A chegada dos portugueses representou para os índios uma verdadeira catástrofe. Vindos de muito longe, com enormes embarcações, os portugueses, e em especial os padres, foram associados na imaginação dos tupis aos grandes xamãs (pajés), que andavam pela terra, de aldeia em aldeia, curando, profetizando e falando-lhes de uma terra de abundância. Os brancos eram ao mesmo tempo respeitados, temidos e odiados, como homens dotados de poderes especiais.

Os índios foram ‘usados’, principalmente, no o árduo trabalho da extração de madeira. Durante o período da escravidão, o trabalho forçado e levado à exaustão levou muitos índios à morte.  Quando se recusavam trabalhar ou quando praticavam algo de ‘errado’, eram duramente castigados.  Eles não estavam acostumados e também não entendiam o porquê daquele ritmo de trabalho, pois o que faziam até então, resumia-se a um trabalho de subsistência.
 Muitos, aproveitando o conhecimento que tinham acerca do território, conseguiam fugir embrenhando-se nas matas; outros, como forma de resistência, faziam o que os portugueses chamavam de ‘corpo mole’ e sofriam os mais variados tipos de tortura. Outro fator que culminou com a morte de diversos indivíduos indígenas foi a contaminação por doenças (para as quais não tinham defesas biológicas) até então desconhecidas no Brasil, que foram trazidas da Europa pelos colonizadores. Segundo Fausto (2002), morreram em torno de 60 mil índios, entre os anos de 1562 e 1563.
A falta de aptidões para esse tipo de trabalho, as fugas permanentes, a insolência muitas vezes demonstrada e as doenças, tornavam a manutenção da prática escravagista indígena inviável. Soma-se a isso, outro fator que culminou com a extinção gradual do uso dessa mão de obra, que foi, o início da produção açucareira em larga escala no Brasil. Ainda assim, a escravização de índios perdurou, em menor escala, por muito tempo. Não podemos deixar de citar também, o interesse da Igreja (que até certo ponto protegia a população indígena, sendo contrária à sua escravização) em catequizá-los e inseri-los na doutrina católica.

3 O TRABALHO DOS ESCRAVOS AFRICANOS NO BRASIL
A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos. (Montesquieu)

Com todos os problemas, advindos da escravidão indígena, os portugueses optaram por  trazer escravos do continente africano. Estes eram capturados como verdadeiros animais nas terras do continente africano. Essa caçada humana foi feita de maneira progressiva a partir de 1570.  Isso se deu também em grande parte pelo fato de os portugueses terem fixados vários entrepostos na costa africana, o que facilitava o tráfico/captura de escravos negros naquele continente.
As razões da opção pelo escravo africano foram muitas. É melhor não falar em causas, mas em um conjunto de fatores. A escravização do índio chocou-se com uma série de inconvenientes, tendo em vista os fins da colonização. Os índios tinham uma cultura incompatível com o trabalho intensivo e regular e mais ainda compulsório, como pretendido  pelos europeus. Não eram vadios ou preguiçosos. Apenas faziam o necessário para garantir sua subsistência, o que não era difícil em uma época de peixes abundantes, frutas e animais. Muito de sua energia e imaginação era empregada nos rituais, nas celebrações e nas guerras. As noções de trabalho contínuo ou do que hoje chamaríamos de produtividade eram totalmente estranhas a eles. (FAUSTO, 2002, p. 28).
Além de se livrarem do problema de mão de obra, também viram nisso (a venda/tráfico de escravos), um nicho de mercado bastante atraente. A mão de obra escrava nas lavouras de cana de açúcar proporcionou uma alta produção com baixos custos. Esses escravos foram os grandes responsáveis pelo sucesso dessa nova atividade.  Como nosso foco neste trabalho é a desumanização do homem escravizado e a origem das atuais desigualdades sociais, não poderemos nos aprofundar em questões que dizem respeito ao desenvolvimento político e econômico  da sociedade do período colonial (tema para uma outra pesquisa) vamos nos ater  a partir daqui, aos maus-tratos sofridos por estes povos.
 A viagem até o Brasil provocava diversas baixas entre os homens escravizados, pois estes vinham amontoados em porões úmidos e sem ventilação e eram pessimamente alimentados. Para Bueno (2004, p.1), “o país se fez à custa do suor e do sangue dos negros que chegavam às praias brasileiras, emergindo da travessia do Atlântico nos porões dos navios tumbeiros[2], dos quais só sobreviviam os mais fortes”. Ao chegarem aqui, eram vendidos ou trocados por fumo, cachaça e outras “bugigangas”.
          Na colônia formaram-se, então, duas classes antagônicas: a dos senhores de engenho, vivendo na casa-grande, e a dos negros escravos, ‘depositados’ na senzala. Estes últimos, em sua grande maioria, sucumbiam após sete anos de trabalho (exploração). A alimentação era precária, não havia remédios (a não ser aqueles colhidos na mata pelos próprios negros), as condições de vida dentro das senzalas eram degradantes e, os castigos impingidos à essas pobres almas eram constantes, todas essas condições desfavoráveis abreviavam, em muito, a vida dessas pessoas.
 Cabe salientar aqui, que a barbárie imposta a estes povos, contava com o aval da Igreja. Esta instituição era conivente com a essa exploração, pois os negros, diferentemente dos índios, eram considerados por essa instituição como ‘seres pagãos’ que estavam nessa condição para expiarem seus pecados.
[...] nem a Igreja nem a Coroa se opuseram à escravização do negro. Ordens religiosas como a dos beneditinos estiveram mesmo entre os grandes proprietários de cativos. Vários argumentos foram utilizados para justificar a escravidão africana. Dizia-se que se tratava de uma instituição já existente na África e assim apenas transportavam-se cativos para o mundo cristão, onde seriam civilizados e salvos pelo conhecimento da verdadeira religião. Além disso, o negro era considerado um ser racialmente inferior. No decorrer do século XIX, teorias pretensamente científicas reforçaram o preconceito: o tamanho e a forma do crânio dos negros, o peso de seu cérebro etc. "demonstravam" que se estava diante de uma raça de baixa inteligência e emocionalmente instável, destinada biologicamente à sujeição. (FAUSTO, 1996, p.30, grifos nossos).

Para Antonil (1982[1917], não paginado), um padre viajante, os escravos eram considerados “as mãos e os pés do senhor do engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda, nem ter engenho corrente”.  Literalmente[4] o eram, pois existem muitos relatos que dão conta do uso de palanquin[5] naquele período, apesar de já extinto na Europa que o havia substituído por carros puxados por cavalos (FREIRE,1998[1936]). Aqueles que tinham maior sensibilidade religiosa abandonaram essa prática arcaica (FREIRE, op. Cit.) contudo, muitos ainda resistiam. Este fato nos permite pensar que muitos fidalgos, embora possuíssem recursos financeiros para adquirir um carro com tração animal, sentiam prazer em continuar aviltando os escravos. Ao que parece, a continuidade dessa modalidade de exploração está ligada ao status social, pois naquela época ter escravos era sinônimo de riqueza/poder. Até mesmos os (brancos) mais pobres aspiravam à posse de escravos; pelo menos um, para que trabalhasse como escravo de ganho, enquanto seu dono desfrutava o ócio.

A escravidão foi uma instituição nacional. Penetrou toda a sociedade, condicionando seu modo de agir e de pensar. O desejo de ser dono de escravos, o esforço por obtê-los ia da classe dominante ao modesto artesão branco das cidades. Houve senhores de engenho e proprietários de minas com centenas de escravos, pequenos lavradores com dois ou três, lares domésticos, nas cidades, com apenas um escravo. O preconceito contra o negro ultrapassou o fim da escravidão e chegou modificado a nossos dias. Até pelo menos a introdução em massa de trabalhadores europeus no centro-sul do Brasil, o trabalho manual foi socialmente desprezado como "coisa de negro". (FAUSTO, 1996, p.41).

Apesar de sua importância para a economia e também para os próprios senhores de engenho, assim com os índios, os negros também eram castigados ao extremo, além, é claro, de serem tratados como um objeto, uma coisa que poderia ser usada como melhor aprouvesse a seus donos. Antonil (1982[1917], não paginado, grifos nossos) escreveu uma obra cujo foco era o aconselhamento acerca das condições que regiam a lavoura da cana no Brasil setecentista, dentre diversos conselhos destacamos o que segue:

Aos feitores de nenhuma maneira se deve consentir o dar couces, principalmente nas barrigas das mulheres que andam pejadas, nem dar com pau nos escravos, porque na cólera se não medem os golpes, e podem ferir mortalmente na cabeça a um escravo de muito préstimo, que vale muito dinheiro, e perde-lo [SIC]. Repreende-los e chegar-lhes com um cipó às costas com algumas varancadas, é o que se lhes pode e deve permitir para ensino. Prender os fugitivos e os que brigaram com feridas ou se embebedaram, para que o senhor os mande castigar como merecem, é diligência digna de louvor. Porém, amarrar e castigar com cipó até correr o sangue e meter no tronco, ou em uma corrente por meses (estando o senhor na cidade) a escrava que não quis consentir no pecado ou ao escravo que deu fielmente conta da infidelidade, violência e crueldade do feitor que para isso armou delitos fingidos, isto de nenhum modo se há de sofrer, porque seria ter um lobo carniceiro e não um feitor moderado e cristão.

Percebemos a preocupação do padre Antonil em manter o ‘bem’, a ‘coisa’ que custava caro aos senhores de engenho. A citação acima que alguns críticos[6] classificaram como conselho,  mais nos parece, um manual de como manter determinado objeto funcionando, ou melhor, tomar determinadas atitudes que não abreviem o ‘vigor’ de suas funções. Podemos fazer, assim, uma analogia entre o negro africano, desprovido de sua humanidade, e os ceifeiros de arroz que trabalhavam nas lezirias[7] do Ribatejo (em Portugal) que, de acordo com Redol  (1976, p.1) “são desumanizados e equiparados a animais e máquinas”. Naquela época, o escravo só era considerado “gente” quando cometiam algum crime contra o homem branco, devendo, assim, ser submetido aos rigores da lei.
Protegidos por uma brutal legislação que permitia castigos, penas e maus tratos ao escravo, os fazendeiros e donos de engenho abusavam do direito de maltratar o negro, sendo eles chicoteados, presos com correntes de ferro a um cepo, obrigados a usar um colar de ferro (caso dos que tentavam fugir), etc. Na sua primeira fuga, o negro era castigado com cinquenta chicotadas, e na segunda, com cem. Vários eram os instrumentos de punição: cangas, correntes, botas de ferro, colares e anjinhos, segundo Debret "um instrumento que servia para esmagar os polegares e de que se serviam os capitães-do-mato para fazer o negro confessar o nome e o endereço do seu senhor." Continua o viajante francês: "O colar de ferro, que tem vários braços em forma de ganchos, é o castigo aplicado ao negro que tem o vício de fugir”. A polícia tem ordem de prender qualquer escravo que o use, e encontrado à noite, deixá-lo na cadeia até o dia seguinte. Avisado então, o dono vai procurar o seu negro ou o envia à prisão dos negros do Castelo. (OLIVEIRA ET. AL., 2012, p.1).

Nas lavouras de cana de açúcar, e a partir do séc. XVII também nas minas de ouro, os escravos trabalhavam de sol a sol e eram castigados com muita violência. As mulheres e as crianças também passavam por esse martírio, alguns tinham a sorte de serem requisitados para os serviços domésticos, mas eram poucos. As crianças eram obrigadas a trabalhar desde os oito anos e não conheciam a infância, pois eram obrigadas a fazer os mesmos serviços que eram atribuídos aos adultos.

3.1 OS ESCRAVOS AFRICANOS E A VIDA NA SENZALA: HOMENS OU ANIMAIS?

Os senhores de engenho consideravam os escravos africanos como seres primitivos, inferiores. A cultura desses escravos era interpretada com um olhar racista. Nas senzalas, longe do olhar crítico do senhor, os negros puderam, de certa forma, reconstruir seu modus vivendi e estreitar relações com seus pares.
Alguns estudiosos viajantes[8] do século XIV diziam que a vida sexual e reprodutiva dos negros era imoral e desregrada, tamanha a promiscuidade verificada nas senzalas. Para eles, não existiam famílias de negros e sim “ninhadas”. De fato, havia certa promiscuidade nas senzalas, mas isso foi o resultado, também, da coisificação do homem escravizado, pois os senhores do engenho foram os grandes promotores desse mal. Do escravo, eles só não dispunham da alma – se é que os escravos tinham alguma, e ‘usavam’ esses(as) para satisfazer suas ‘necessidades’ sexuais.

[...] os negros tiveram sua humanidade soterrada pelo regime escravista. Como mercadoria, agiam como tal, ou seja, passivamente transformaram-se em uma coisa. Pode-se concluir [...] que essa promiscuidade foi resultado violento regime a que os negros escravizados foram obrigados a se sujeitar. (FARIA, 2008, p.1, grifos nossos).

A promiscuidade não era uma característica inerente ao escravo negro, mas antes, dos brancos que aproveitavam sua posição de superioridade para subjulgar os escravos. Um dos exemplos dessa barbárie é citado por Freire (1981 [1933], p.89) como podemos ver abaixo:

Costuma dizer-se que a civilização e a sifilização andam juntas. O Brasil, entretanto, parece ter-se sifilizado antes de se haver civilizado. A contaminação da sífilis em massa ocorreria nas senzalas, mas não que o negro já viesse contaminado. Foram os senhores das casas- grandes que contaminaram as negras das senzalas. Por muito tempo dominou no Brasil a crença de que para um sifilítico não há melhor depurativo que uma negrinha virgem.

O tratado de “conselhos” escrito no séc. XVII pelo Padre André João Antonil, embora visassem a preservação do bem que custara caro ao senhor, nunca fora levado em consideração (em nenhum dos aspectos). Para a grande maioria dos senhores de engenho, os escravos eram vistos como animais/máquinas ‘usados’ para o trabalho e também para ‘diversão’ sexual. Estes, após um longo dia de trabalho e sofrimento recolhiam-se nas senzalas/depósitos, ficando à disposição dos senhores, aguardando ‘um novo dia’, uma nova ordem vinda do capataz ou um novo castigo.

3.2 A LUTA DO NEGRO: RESIGNAÇÃO E REVOLTA

Alguns negros, percebendo que não havia muito que fazer para mudar a situação em que se viam envolvidos, aceitavam a condição de subserviência. Outros, no entanto, nunca se conformavam e ofereciam resistência à dominação. Eles demonstravam tal resistência por meio de fugas constantes, suicídios, matando os feitores[9], fugindo para os quilombos[10] e evitando filhos.
Havia também aqueles que, de acordo com Macedo (1869), aproveitando-se do fato de estarem trabalhando na casagrande  envenenavam seus senhores. Segundo Rodrigues ( 2012, p.1), a cada falta do escravo correspondiam determinados castigos,

[...] o escravo que desobedecia ao feitor era punido com um chicote de couro cru chamado bacalhau. Aquele que fugia era marcado na testa com um F (fujão), escrito com ferro em brasa. Quando o escravo marcado fugia pela segunda vez, cortavam-lhe uma orelha”.

As notícias de fuga em massa de escravos geravam pânico entre os fazendeiros da região que temiam, e com razão, por represálias/vinganças. Os escravos fugitivos saiam das matas e procuravam uma fazenda próxima a de sua fazenda de origem, cujo proprietário fosse conhecido por tratar bem os escravos ou fugiam em direção aos  quilombos.

4. A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA: O CONTEXTO

O Brasil, último país a acabar com a escravidão tem uma perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso.   (Darcy Ribeiro)

O Brasil passou por um período de transição em que o patriarcalismo rural cedeu lugar a novas formas de relações sociais. Impulsionado pela necessidade de se equiparar aos países europeus (modus vivendis), gradativamente todo o poder concentrado nas casas grandes foi deslocado para os grandes centros, esse fenômeno ocorria de forma lenta até, a chegada da família real portuguesa ao Rio de Janeiro que provocou uma aceleração nas mudanças políticas, econômicas e culturais.
 A Corte teve uma função crucial nesse momento, pois acabou com o isolamento da colônia e desencadeou um movimento de integração social. O declínio da tradição patriarcal culminou com o processo de “europeização do país”. O Brasil experimentava, assim, uma forma de desassombramento, “[...] desassombrando-se sob a influência de técnicas ocidentais de produção, de transporte, de urbanização, de iluminação, de pavimentação [...]” (FREYRE, 1981[1933], p. 476), os grandes centros foram reorganizados à moda europeia, construíram-se grandes avenidas (bulevares), passeios públicos, as casas-grandes transformaram-se em sobrados com detalhes da arquitetura europeia e passaram a expressar a diferença entre ricos e pobres, brancos e gente de cor, casas-grandes e casas pequenas, “Sobrados e Mucambos”.
A ascendência da cultura urbana brasileira estava diretamente ligada à decadência do patriarcalismo rural, provocando as dívidas dos patriarcas e a transferência de poder do campo para as cidades. Por isso, a ascendência desta cultura citadina implicou em uma mudança urgente nos hábitos; nas relações comerciais, nos papéis sociais, nos valores e costumes, e também requereu que fossem desenvolvidas novas profissões para que fossem atendidas as novas demandas oriundas de toda aquela transformação. Essa demanda por novas profissões beneficiaram os escravos dotados de alguma habilidade específica favorecendo assim uma maior mobilidade social para essa classe.
[...] ao mesmo tempo em que se acentuavam os antagonismos, tornavam-se maiores as oportunidades de ascensão social, nas cidades, para os escravos e para os filhos de escravos, que fossem indivíduos dotados de aptidão artística ou intelectual [...]. (FREYRE, 1981[1933], p.153).

 Os valores burgueses trazidos da Europa e as novas realidades, principalmente aquelas relativas às transformações do estilo de vida na sociedade, integraram-se ao perfil do brasileiro, criando-se espaço para uma sociabilidade até então não existente. No processo de decadência do patriarcalismo rural brasileiro, Gilberto Freyre atribui um peso considerável ao fato de que os valores dessa estrutura social começam a se desagregar graças ao surgimento de novos valores culturais, eminentemente urbanos, cultivados pelos novos bacharéis de formação cosmopolita. Gradativamente, esses bacharéis foram assumindo cargos importantes no aparato estatal ou mesmo o comando dos negócios dos patriarcas.
[...] Já em 1838, diante das primeiras gerações de bacharéis de Olinda e São Paulo invadindo com o seu “romantismo jurídico” os postos outrora ocupados por aqueles velhos realistas políticos, alguns de olhos já cansados de tanto ver, mas não se deixando iludir pelas aparências, os ouvidos já ficando moucos de tanto ouvir, mas não se deixando nunca emprenhar pelas palavras de intrigas de enredo [...] (FEYRE, 1981[1933], p.86).

O que ocorreu nessa época foi uma verdadeira revolução cultural observada nas mudanças de hábitos das pessoas que passaram a absorver tudo o que era proveniente da Europa, porém desdenhando de certa forma o que era de origem portuguesa (que era considerado não-moderno). Houve um significativo aumento no consumo de produtos e modas vindas do exterior por parte da classe mais abastada.
Embora possa parecer que as condições de vida tenham melhorado no país, alguns fatos indicam o contrário. O saneamento básico era deficitário, era quase impossível andar pelas ruas, os senhores que outrora viviam muito bem em suas casas-grandes do interior agora se viam alojados em sobrados que embora aparentemente luxuosos em nada se comparassem a antiga casa, eram escuros úmidos, com pouca ventilação e luz,  ou seja de certa forma eram insalubres e sombrias. “[...] Dormia-se com as portas e as janelas de madeira trancadas, o ar só entrando pelas frinchas. De modo que os quartos de dormir impregnavam-se de um cheiro composto de sexo, de urina, de pé, de sovaco, de barata, de mofo [...]” (FREYRE,1981[1933], p. 205).

5  A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA: UMA FALSA LIBERDADE
São a força e a liberdade que fazem os homens virtuosos. A fraqueza e a escravidão nunca fizeram nada além de pessoas más. (Jean Jacques Rousseau)

A abolição não foi um presente dado aos escravos pela bondosa princesa Isabel. Foi, sim, a consequência de várias lutas empreendidas por intelectuais, escravos libertos, bacharéis etc. Consideramos, assim como diversos estudiosos da área, essa lei como uma aberração, pois nela não constavam políticas públicas[12] que dessem conta do grande contingente de pessoas que seriam ‘despejadas’ nas ruas sem assistência social alguma.
Como podemos observar, na cópia do documento oficial abaixo (figura 5), a lei que aboliu a escravidão no Brasil foi sancionada em 13 de maio de 1888. De acordo com Rodrigues ( 2012, p.3),

A abolição do regime escravista foi um movimento social e político ocorrido entre 1870 e 1888 que defendia o fim da escravidão no Brasil. Terminada com a promulgação da lei Áurea, que extingue o regime escravista originário da colonização. O movimento abolicionista, especialmente a partir de 1870,  foi formado por pessoas das cidades que não tinham muita necessidade de escravos e que  estavam antenadas com as ideias  e noticias de fatos que chegavam da Europa e dos Estados Unidos. Portanto o trabalho escravo só foi abolido no Brasil porque os interesses econômicos eram outros: necessitava-se de novos mercados consumidores e com a proibição do trafico negreiro pelos mares.

  A abolição da escravatura fez nascer uma população livre, excluída socialmente, que, hoje, representa uma das características mais marcantes do nosso país. À época, a grande maioria dos escravos então libertos não conseguia meios para se manter (salvo os artífices) e viviam amontoados em quilombos ou simplesmente jogados nas ruas. Havia falta de comida e as condições de vida na cidade eram muito ruins. Acentuaram-se as diferenças sociais, o negro ficou às margens desse “progresso”, embora liberto, agora sofria com a marginalização imposta pela sociedade.
Acostumado a somente servir o senhor, o negro tornou-se ultrapassado na sociedade, pois não se ajustava às necessidades da demanda profissional. Suas habilitações eram insuficientes diante daquela realidade de industrialização (que mesmo tímida já afetava os escravos do eito) e modernização, em que, a tecnologia e as novas técnicas de produção exigem certo conhecimento formal, priorizando, o homem branco no mercado de trabalho.
[...] apesar das variações de acordo com as diferentes regiões do país, a abolição da escravatura não eliminou o problema do negro. A opção pelo trabalhador imigrante, nas áreas regionais mais dinâmicas da economia, e as escassas oportunidades abertas ao ex-escravo, em outras áreas, resultaram em uma profunda desigualdade social da população negra. Fruto em parte do preconceito, essa desigualdade acabou por reforçar o próprio preconceito contra o negro. Sobretudo nas regiões de forte imigração, ele foi considerado um ser inferior, perigoso, vadio e propenso ao crime; mas útil quando subserviente.  (FAUSTO, 2002, p.33, grifos nossos).

Mesmo no trabalho do campo, as técnicas de plantio e de produção em geral, exigiam novos mecanismos, alheios aos negros recém-libertos. Com a urbanização e a reforma das cidades, sobretudo no Rio de Janeiro, o negro por ter ficado à margem da sociedade, foi “empurrado” às periferias, formando as conhecidas favelas. Para Rodrigues (2012, p.3),
O fim da escravatura, porém, não melhorou a condição social e econômica dos ex-escravos. Sem a formação escolar nem profissão definida, para a maioria deles, a simples emancipação jurídica não muda sua condição muito menos ajuda a promover sua cidadania ou ascensão social. A lei Áurea não é mais comemorada com a mesma alegria de antigamente, nem mesmo pelos negros, principais beneficiados. Participantes do Movimento Negro no Brasil consideram que foi apenas uma conquista na área jurídica, pois obrigou o fim da escravidão, mas não houve conquista social, os negros permaneceram marginalizados na sociedade e até hoje lutam contra esse preconceito.

A ocidentalização do Brasil, embora tenha trazido muitos benefícios para a grande maioria da população, ocorreu de forma desordenada. A voracidade do consumismo aliada a uma diminuição da produção das fazendas fez com que muitos senhores tivessem uma acentuada diminuição nos seus padrões de vida. Os ex-escravos da fazenda tornaram-se escravos de um sistema segregador lutando de todas as formas para poderem sobreviver. Ficaram desempregados, sem teto e sem ter o que comer. Para sobreviver, ‘abraçavam’ os piores trabalhos possíveis.

6 SOBRE A ESCRAVIDÃO
A ignorância é a mãe das tradições. (Montesquieu)

O processo de escravidão vai contra a ordem natural da evolução social humana. Tomando como ponto de partida para a análise, a escravidão no Brasil, podemos dizer que tratou-se de um retorno à práticas muito antigas. Como já havíamos nos posicionado, o que aconteceu aqui, ao que parece, não tem precedentes na história do homem.
O que marcou esse período obscuro da nossa sociedade foi a coisificação e a desumanização do outro. Este, sendo tratado como um mero objeto, sem vida, sem sentimentos. É extremamente difícil imaginar, como os senhores de escravos (salvo em alguns casos) conseguiam levar uma vida normal, tendo em seu quintal, depositados nas senzalas, seres humanos que estavam ali aumentando suas riquezas e consequentemente o bem estar de sua família.

[...] a escravidão era inconcebível numa sociedade comercial moderna porque desrespeitava as leis naturais que regulavam os sucessivos estágios do desenvolvimento humano. Restringindo a iniciativa individual e prejudicando o bem comum, a escravidão não pertencia ao ordenamento natural. (SMITH, 1981, p. 272).

Macedo (1869), um dos escritores do romantismo brasileiro, contumaz frequentador da corte e muito próximo da família real, descrevia, em suas obras, o escravo como sendo uma vítima algoz e, a escravidão como um mal para a sociedade. Mas, não nos enganemos; esse ‘mal’ a que ele se referia, dizia respeito ao mal que o escravo/vitima poderia fazer, como algoz, aos seus senhores. Esta posição pessoal desse intelectual baseava-se na revolta/revolução dos escravos do Haiti (1791-1825). Ele tentava com seus escritos, disseminar, o receio de que alguma articulação (dos escravos) nos moldes da Revolução do Haiti ocorresse também aqui, no Brasil.
Sobre  a escravidão, Montesquieu (1835, p.271), por sua vez, afirmou que

 [...] por sua natureza, não é boa: não é útil nem ao senhor nem ao escravo: a este porque nada pode fazer de forma virtuosa; aquele porque contrai dos seus escravos toda a sorte de maus hábitos... porque se torna orgulhos, irritável, duro, colérico, voluptuoso e cruel. (...) os escravos são contra o espírito da constituição, só servem para dar aos cidadãos um poder e um luxo que não devem ter.


A mão de obra do escravo negro foi a grande responsável pelo sucesso colonial, porém a um custo muito alto. Até hoje a população afrodescendente sofre com preconceitos de toda sorte que têm origem naquele período. Os mais esclarecidos, lutam em favor da quitação de uma dívida que temos para com esses povos[14]. Exemplo disso são as políticas de ações afirmativas do governo federal (também assunto para ser debatido em outra ocasião).

6 .1 ALGUMAS  CONSEQUENCIAS DA ESCRAVIDÃO

Não há outro inferno para o homem além da estupidez ou da maldade dos seus semelhantes.( Marquês de Sade)

As consequências da escravidão estão representadas na atualidade pelas grandes desigualdades sociais. O racismo contra a população negra é evidenciado pelo próprio governo federal, com suas “políticas de ações afirmativas” que visam ações compensatórias à população afrodescendente. Segundo Munanga (2003, p 1),
As chamadas políticas de ação afirmativa são muito recentes na história da ideologia antirracista. Nos países onde já foram implantadas (Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Índia, Alemanha, Austrália, Nova Zelândia e Malásia, entre outros), elas visam oferecer aos grupos discriminados e excluídos um tratamento diferenciado para compensar as desvantagens devidas à sua situação de vítimas do racismo e de outras formas de discriminação.

Dentre essas compensações a que mais está em evidencia hoje, é a criação de cotas de vagas para afrodescendentes, descendentes indígenas e outros, nas instituições de ensino superior federais. Mas, isso é um pequeno exemplo, das mazelas a que estão sujeitos os negros na atual sociedade.
O processo de formação das favelas, muitas vezes atribuído ao crescimento desordenado das
grandes cidades, teve origem ainda no período imperial, quando os negros ganharam sua ‘liberdade’. Discriminados desde então, ocuparam as encostas dos morros e, também, locais ‘impróprios’ para as moradias dos brancos, como as áreas alagáveis. De acordo com noticia veiculada, em 2008, pelo Diário do Grande ABC –SP (2008, p.1),
Apesar de reconhecer que nos últimos 15 anos houve uma melhoria nas condições de habitação no Brasil, a pesquisa Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, divulgada nesta terça-feira pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), aponta que ainda é perceptível a diferença entre negros e brancos, especialmente no que diz respeito aos domicílios localizados em assentamentos subnormais, ou seja, favelas e assemelhados.

No mercado de trabalho, salvo poucas exceções, os negros (juntamente com as mulheres, que também lutam por “um lugar ao sol”) ocupam posições de menor destaque e que invariavelmente têm menores salários. Essa problemática da colocação profissional, além de estar relacionada, na atualidade, em muitos casos, ao nível de escolaridade, também tem origem no período pós-escravocrata; pois, quando postos em liberdade, não lhes foi garantido o direito à educação (enfim , não lhes foi garantido direito algum), os negros escravizados tiveram que concorrer, no mercado de trabalho, com os estrangeiros (brancos) que, supostamente, possuíam melhores qualificações.

7  CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudando este tema, pudemos refletir acerca do grande mal que os colonizadores impingiram aos índios e aos africanos que tanto colaboraram (de uma forma ou de outra) para o sucesso do desenvolvimento do Brasil enquanto país. Está clara para nós a grande dívida que temos para com estes povos.
Somos completamente a favor de políticas públicas, por mais polêmicas que possam parecer, que vissem oportunizar aos descendentes destes povos, condições que lhes possibilitam ser tratados como iguais e, também, uma vida mais digna, menos árdua. Na nossa modesta opinião, após as leituras que embasaram este trabalho, os braços dos índios e dos negros africanos, é que foram os grandes responsáveis pelo sucesso da colonização do Brasil.
Se compararmos o tempo de existência do Brasil enquanto país, com o tempo da história mundial, veremos que somos uma nação ainda muito jovem; portanto, os acontecimentos que narramos ainda são muito recentes. Pela comparação que podemos estabelecer entre o racismo do período colonial – que beirava o sadismo- e o racismo de hoje, perceberemos claramente que essa conduta deplorável está perdendo forças. Concluímos, assim, que essa mazela está muito próxima do fim, o que acarretará uma condição de igualdade entre todos os cidadãos, independente de cor, raça, orientação sexual, credo etc. As posições na sociedade, em uma visão otimista, a curto prazo, serão distribuídas considerando-se a meritocracia e não, a ascendência do indivíduo.

REFERÊNCIAS

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Diário digital do Grande ABC. Negros são maioria nas favelas. Estudo do IPEA publicado em Dezembro de 2008 no site <www.dgabc.com.br/News/3258214/ >. Acesso em 30/03/2013.

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[1] Fonte: http://papiiamoroso.blogspot.com.br/2011/05/abolicao-da-escravidao.html.
[2] Tumbeiro era o nome dado a um tipo de navio, de pequeno porte, que fazia o tráfico de escravos da África para o Brasil, na época de sua colonização. Eram assim chamados, pois no trajeto, metade dos viajantes morria, devido às péssimas condições a que eram submetidos nos porões dessas verdadeiras “tumbas marinhas”.
[4] Sabemos que a expressão de Antonil está no sentido figurado, contudo aproveitamos tal citação para evidenciar ainda mais nossa indignação para com o regime escravocrata.

[5]Palanquin, também conhecido como liteira, é uma cadeira portátil, aberta ou fechada, suportada por duas varas laterais. É transportada por dois liteireiros ou dois animais, um à frente e outro atrás. As liteiras eram muito utilizadas como meio de transporte de personalidades abastadas na Roma Antiga.

[6] Affonso D’escragnolle Taunay
[7] Zona agrícola muito fértil.
[8] Baptiste Debret, Charles Ribeyrolles, Von Tschudi e outros.

[9] O ofício mais temido nos engenhos era o de feitor, pois sua função era vigiar e castigar os escravos nos períodos que estes estivessem trabalhando  e nos momentos das fugas.

[10] Os negros que conseguiam fugir se refugiavam com outros, em igual situação, em locais bem escondidos e fortificados, no meio das matas. Estes locais eram conhecidos como quilombos. Nestas comunidades, eles viviam de acordo com sua cultura africana, plantando e produzindo coletivamente. Os quilombos são verdedeiros símbolos da resistência negra à dominação/exploração branca.
[11] Fonte: www.pt.wikipedia.org.
[12] Olhando a política de hoje, o que nos força a fugir um pouco do tema, podemos traçar paralelos com a lei Áurea. Por exemplo, a lei de inclusão do aluno especial; o estado exige que todos os deficientes sejam atendidos em escolas públicas, juntos com os alunos ditos normais (isto é lei), contudo não oferece suporte para tal, e o que vemos? Crianças especiais assistindo aulas sem o devido acompanhamento especializado, que não foi contemplado pela famigerada lei. Fato que acarreta, ao invés de benefícios a essa população, um prejuízo enorme para seu desenvolvimento bio-psico-social.
[13] Disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Lei-%C3%81urea-original-da-Lei-3353.jpg
[14] Utilizamos povos, pois para cá, foram trazidas pessoas de diferentes povos do continente africano e, não somente de África, como muitos pensam.