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sábado, 4 de dezembro de 2010

A literatura e sua importância para a sociedade.



A arte da literatura existe há alguns milênios, entretanto sua natureza e suas funções continuam objeto de discussão, principalmente para os artistas, seus criadores. Como qualquer outra arte, ela é uma criação humana, por isso sua definição constitui uma tarefa tão difícil. O homem, como ser histórico, tem anseios, necessidades e valores que se modificam constantemente. Suas criações – entre elas a literatura – refletem seu modo de ver a vida e de estar no mundo. Assim, ao longo da história, a literatura foi concebida de diferentes maneiras. Mesmo os limites entre o que é e o que não é literatura variaram com o tempo. Podemos definir, ou pelo menos tentar definir, a literatura como a arte que utiliza a palavra como matéria prima de suas criações.
A literatura, assim como todas as formas de arte, também reflete as relações do homem com o mundo e com os seus semelhantes, para Cândido (2000), a criação literária corresponde à certas necessidades de representação do mundo, às vezes como preâmbulo a uma práxis socialmente condicionada. Na medida em que as relações se transformam historicamente, a literatura também se transforma, pois que sensível às peculiaridades de cada época e aos modos de se ver a vida, de problematizar a existência, de questionar a realidade, de organizar a convivência social etc. Por isso, as obras de um determinado período histórico, ainda que se diferenciem umas das outras, possuem certas características comuns que as identificam. Essas características dizem respeito tanto a mentalidade predominante na época, quanto às formas, às convenções e às técnicas expressivas empregadas pelos autores.
A obra literária, utilizando a palavra, recria a realidade, a vida. Essa definição focaliza dois aspectos opostos, mas complementares da arte literária: criação e representação. Por um lado ela é invenção. O autor cria uma realidade imaginária, fictícia, mas o universo da ficção mantém relações vivas com o mundo real. Nesse sentido a literatura é imitação da realidade. Frequentemente os autores utilizam fatos de suas vidas como matéria de literatura. Mesmo nesses casos, não devemos entender os textos como simples biografias. Os fatos pessoais são apenas parte da matéria literária, o ponto de partida entre o que o autor viveu ou sentiu e a obra. Existem todas as mediações da invenção, da imaginação. Existe, sobretudo, o trabalho criativo com a palavra.
A literatura é um denominador comum da experiência humana. Aqueles de nós que leram Cervantes, Shakespeare, Machado, Flaubert ou Baudelaire entendem uns aos outros e se sentem indivíduos da mesma espécie porque, nas obras desses escritores, aprenderam o que partilhamos com seres humanos, independentemente de posição social, situação financeira e período histórico.
Nada nos protege melhor da estupidez do preconceito, do segregacionismo, do xenofobismo, do sectarismo religioso ou político e do nacionalismo excludente do que esta verdade que sempre aparece na grande literatura: todos são essencialmente iguais. Nada nos ensina melhor do que os bons romances a ver nas diferenças étnicas e culturais a riqueza do legado humano e a estimá-las como manifestação da multifacetada capacidade criadora humana. Ler boa literatura é ainda aprender o que e como somos - em toda a nossa humanidade, com nossas ações, nossos sonhos e nossos fantasmas -, tanto no espaço público como na privacidade de nossa consciência. Esse conhecimento se encontra apenas na literatura. Nem mesmo os outros ramos das ciências humanas - a filosofia, a história ou as artes - conseguiram preservar essa visão integradora e um discurso acessível ao leigo, pois também eles sucumbiram ao domínio da especialização. A censura aplicada à literatura (e outras artes) no período colonial e também durante o regime ditatorial, só serviram para reafirmar o poder exercido por ela sobre a sociedade.
“A função social comporta o papel que a obra desempenha no estabelecimento de relações sociais, na satisfação de necessidades espirituais e materiais, na manutenção ou mudança de certa ordem na sociedade”. (CÂNDIDO, 2000 p.41)
As funções da literatura variam como tempo e com as pessoas. Evidentemente, a função de uma obra literária depende dos objetivos, e das intenções do autor. Mas os leitores também têm maneiras diferentes de ler e são levados a abrir um livro por razões diferentes. Alguns buscam na literatura apenas uma forma de diversão sem grandes consequências para a vida; outros, um instrumento de transformação e de aperfeiçoamento. Uns consideram a obra literária apenas um artefato estético, criado para a contemplação da beleza; outros esperam que seja um veículo de analise e de crítica em relação a sociedade e a vida. Para Antônio Cândido,
“[...] A função social independe da vontade ou da consciência dos autores e consumidores de literatura. Decorre da própria natureza da obra, da sua inserção no universo de valores culturais e do seu caráter de expressão coroada pela comunicação.” (CÂNDIDO, 2000 p.41)
Certas épocas literárias foram marcadas pela importância que os autores atribuíram a perfeição formal de suas obras. Os temas passaram para um segundo plano, só interessando a beleza estética. Quando isso ocorreu, a literatura alienou-se da realidade, é o que ficou conhecido como “arte pela arte[1]”, uma forte característica, por exemplo, do parnasianismo. Se, ao contrário, a forma e o trabalho com a palavra são preteridos, reduz-se a obra a panfleto a mero instrumento de propaganda. Isso não impede que existam autores de valor realizando uma “literatura engajada”, isto é, comprometidos com a defesa de certas ideias políticas, filosóficas ou religiosas.
Muitos autores ousaram denunciar em suas obras a realidade crua, a estupidez e os sentimentos mais mesquinhos dos homens. Eles fizeram de suas obras um engajamento político. Perceberam que a sensibilidade estética pode se tornar uma poderosa arma contra as injustiças desse mundo, como a discriminação, a violência e a massificação das consciências.
Em Literatura e sociedade, Antônio Cândido dá a entender que dos movimentos literários podem nascer sugestões para a concepção de ideologias políticas. Há, então, uma necessidade de se distinguir como as ideias e o pensamento de um dado período são influenciados ou não por eles e, também, como tais movimentos sugerem mudanças de atos para os diversos campos da vida social. Para Cândido (2000), as manifestações artísticas são socialmente necessárias, traduzindo impulsos e necessidades de expressão, de comunicação e de integração.
Todo movimento de ideias ao trazer, de modo implícito e/ou explícito, choques acerca dos valores, da política, da organização social, etc., acaba sendo confrontado por outros movimentos de ideias que trazem à tona formas de resistência, de rejeição, de recusa às pressuposições questionadoras do modelo de organização social e cultural em voga. (Cândido 2000:108).
      Saber qual a influência exercida pelo meio social sobre a obra de arte e qual a influência exercida pela obra sobre o meio são questões que complementam uma a outra e norteiam o tema desenvolvido por Antônio Cândido no livro Literatura e Sociedade. Ele faz um tour pela literatura mundial, analisando questões sociológicas, históricas e filosóficas, sem esquecer do autor como sujeito criador e transformador, pois ele extrai do meio as suas impressões, internalizando-as e as "restitui desvinculadas , no que possuem de essencial, de quaisquer condicionantes externos".
Focando o tema sobre dois problemas capitais: sociedade-arte x arte-sociedade, percebe-se o movimento dialético que abarca a arte e a sociedade num vasto sistema solidário de influências mútuas. A apreciação dos vínculos entre Literatura e Sociedade ou a atribuição de uma função social à Literatura é tema de um sem número de pesquisas entre aqueles que defendem que toda obra literária deve obrigatoriamente cumprir um papel social e entre os que entendem a obra literária como algo absoluto, que existe em si e por si, não tendo compromisso algum além da estética.
A obra literária sofre influência do meio social e o influencia, sendo esse um processo de intervenção dinâmico. O saber suscitado pela literatura colabora para a sobrevivência de uma identidade social que se edifica como narrativa; esse saber tece imagens, ora inusitadas, ora familiares, à procura de manifestar o real que se torna tão mais intenso quanto maior for o estranhamento produzido pelo fato literário.
Não que a obra literária tenha essa atribuição ou qualquer outra obrigação (como querem alguns) e sim  porque está no seu ‘caráter humano’ já que é feita por homens. Quando falamos em manifestar o real, referimo-nos a determinados ângulos da realidade captados pelo olhar do autor, filtrados pelo seu próprio ideário cultural, sua percepção sensorial e afetiva e, finalmente, transformados por ele em escritura. Aqui, é preciso cuidado para não ser reducionista; a obra literária não é um mero produto da incorporação de realidades apreendidas ou criadas.
Sendo a literatura "a arte de criar com as palavras e seus sentidos" a relação entre a literatura e a sociedade é estreitíssima, assim como todas as artes. O artista é um destruidor e um construtor, é um crítico, é um sedento por demonstrar sentimentos e sensibilidades inauditas. Sendo o literato um artista, ele é um crítico social que "formata" suas ideias com a poesia, o conto, o romance e todos os formatos de expressão literária.
ADILSON PIRES


[1] Teoria que postula a autonomia da arte, isto é, a noção de que a arte deve ter como único objetivo proporcionar prazer estético, alheando-se de quaisquer outros fins ou valores.

4 comentários:

  1. Muito bom o texto desenvolvido.

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  2. Só algumas palavrinhas erradas porém o texto é mt desenvolvido , me ajudou bastante !

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  3. hahahahahahahahahahahahah.......agora tenho a minha cola pro trabalho kkkkk vlw site

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