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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

BULLIYNG UMA PRÁTICA ANTISSOCIAL

 
BULLIYNG: UMA PRÁTICA ANTISSOCIAL


Adilson Pires

Professora-Ana Lúcia Sant’anna
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
História (T.0259) – Prática do Módulo I
09/10/10
 
 
RESUMO
Neste trabalho analisamos a prática do bullying como um comportamento cruel, em que os mais fortes subjugam os mais frágeis e os tornam objetos de diversão e prazer, através de brincadeiras que disfarçam o propósito de maltratar e intimidar além de promover a superioridade do agressor diante dos espectadores.  Neste, apresentamos uma revisão da literatura acerca do fenômeno bullying ou vitimiza­ção entre pares na escola, uma definição do construto ullying no ambiente escolar bem como, todos os envolvidos, as conseqüências deste ato e algumas dicas de como erradicar este mal do ambiente escolar a fim de torná-lo agradável. A partir disso, sugerimos, para discussão e reflexão, algumas ideias sobre formas de prevenção e inter­venção desse tipo de comportamento agressivo.


 Palavras-chave: Bulliyng. Agressão. Escola. 
RÉSUMÉ
Dans ce travail nous analysons la pratique bullying comme un comportement cruel, où ils les plus forts submergent les plus fragiles et ils les deviennent des objets de divertissement et du plaisir, à travers des tours qui déguisent l'intention de maltraiter et intimider outre promouvoir la supériorité de l'agresseur devant les spectateurs. Dans celui-ci, nous présentons une révision de la littérature concernant le phénomène bullying ou une vitimização entre des paires dans l'école, une définition de la construto ullying dans l'environnement scolaire ainsi que, tous les engagés, les conséquences de cet acte et de quelques conceils comment supprimer de celui-ci mal de l'environnement scolaire afin de le rendre agréable. À partir de cela, nous suggérons, pour discussion et réflexion, quelques idées sur des formes de prévention et intervention de ce type de comportement agressif. 
Mots-clés : Bulliyng. Agression. École.
1 Introdução

Este trabalho (baseado em pesquisa bibliográfica) consiste na abordagem de questões sobre o Bullying[1], esse fenômeno que afeta pessoas de todas as classes e que ocorre em qualquer ambiente social. Pretende-se com este, fazer uma descrição da prática do Bullying nas escolas, considerando opiniões de estudiosos de renome na área da psicologia do desenvolvimento e outros, e também contribuir para uma reflexão acerca deste tema, demonstrando suas principais características; o que leva alguém a praticar essa forma de violência, suas conseqüências para o desenvolvimento emocional dos envolvidos e para o processo de aprendizagem, bem como, formas de prevenção desse tipo de violência no ambiente escolar. Não se pretende aqui, esgotar o assunto que é considerado muito amplo e sim, fazer um apanhado geral acerca desta temática.
Todos que convivem com crianças e jovens sabem como eles são capazes de praticar pequenas e grandes perversões. Debocham uns dos outros, criam os apelidos mais estranhos, reparam nas mínimas imperfeições e não perdoam nada. Na Scola é bastante comum. Implicância, discriminação e agressões verbais e físicas são muito mais frequentes do que o que poderia se esperar. Esse comportamento não é novo, mas a maneira como pesquisadores, médicos e professores o encaram vem mudando. Essas provocações, hoje, são vistas como formas de violência e ganharam o nome de Bulliyng.

 O fenômeno Bullying é usado no sentido de identificar ações provindas dos termos zoar, gozar, tiranizar, ameaçar, intimidar, isolar, ignorar, humilhar, perseguir, ofender, agredir, ferir, discriminar e apelidar pessoas com nomes maldosos, que na grande maioria das vezes tem origem nas escolas através dos jovens alunos que assim praticam tais maldades contra determinados colegas que possuem algum defeito físico, assim como, os relacionados à crença, raça, opção sexual ou aos que carregam algo fora do normal no seu jeito de ser. (MARQUES, 2010).


Quando nos referimos ao tema violência nas escolas, logo vem a nossa mente formas explícitas de violência: vandalismo, pichação, rixas e agressões contra professores e alunos. No entanto, esquecemos ou não temos conhecimento de que nossas escolas convivem com uma violência, muitas vezes, mais cruel e, quase sempre ignorada pelos pais e professores. Estamos nos referindo ao fenômeno Bulliyng, essa prática que acontece todos os dias no cotidiano escolar.

2  CONCEITO DE BULLIYNG

O bulliyng, termo que vem da língua inglesa cujo significado (aproximado) em português é “valentão”, é tomado no âmbito da psicologia, como todas as formas de agressão sem motivação evidente que visam promover a dor e a humilhação na vítima, baseadas em relações desiguais de poder.

[...] define-se universalmente como “um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento”. Insultos, intimidações, apelidos cruéis e constrangedores, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos, levando-os à exclusão, além de danos físicos, psíquicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento bullying. (FANTE, 2009. grifo do autor).


               O bulliyng pode ocorrer em todos os ambientes onde haja relações sociais, porém, pode ser mais facilmente observada nas escolas, pois é lá que se encontram as pessoas mais vulneráveis a esse tipo de violência. Dentre estas, as que mais sofrem, são os adolescentes, pois, estão passando por um período de instabilidade emocional o que os torna mais propensos a esse tipo de violência.
Entendemos por violência uma realização determinada das relações de forças, tanto em termos de classes sociais, quanto em termos interpessoais. [...] relação hierárquica de desigualdade, com fins de dominação, de exploração e opressão. Isto é, a conversão dos diferentes em desiguais e a desigualdade em relação entre superior e inferior. Em segundo lugar, como a ação que trata um ser humano não como sujeito, mas como coisa. Esta se caracteriza pela inércia, pela passividade e pelo silêncio de modo que, quando a atividade e a fala de outrem são impedidas ou anuladas, há violência. (CHAUÍ, 1985, p. 35, grifos nossos).


 Segundo Walon (1975), nesta fase os adolescentes estão o passando por um período turbulento de auto-afirmação, crise de identidade entre outros aspectos. Estes elementos contribuem para a culminância de comportamentos variados, dentre eles, o papel de agressor ou aquele que pratica a violência sistemática contra seus pares. Tal violência consiste em fazer com que o outro seja humilhado e rebaixado na presença dos demais. Talvez este ato se deva a uma necessidade de provar ao grupo e a si próprio a sua superioridade afirmando assim, a fragilidade dos outros.

2.1   Bulliyng direto

 Esta é a forma mais comum de agressão, ou seja, a agressão física e esta mais vinculada aos agressores do sexo masculino. Os atos de bater, xingar, proferir ofensas ( formas explícitas de agressão) podem ser considerados bulliyng direto. A principal característica do bulliyng direto é o isolamento social da vítima. O medo das ameaças faz com que a pessoa se isole para evitar a concretização da violência.

2.2   Bulliyng indireto

 O segundo é mais comum entre as mulheres e as crianças e resumem-se a intrigas, difamação, calúnias e fofocas. A prática do bulliyng através da internet ou o cyberbulliyng[2] também se enquadra dentro do que se entende por bulliyng indireto. A atribuição tipo de bulliyng-sexo é apenas uma visão generalista, ou seja, ambos os sexos podem praticar as duas formas.

 3  OS ENVOLVIDOS
3.1  O agressor
            O agressor geralmente é uma pessoa que tem pouca empatia “popular” em seu grupo e deste recebe o aval para a prática da opressão da vítima que, via de regra, é sempre mais fraca que o mesmo. Normalmente os agressores são provenientes de famílias desestruturadas e carentes de afetividade e de limites cujos pais, ou são muito permissivos, ou são muito rígidos e exercem uma supervisão pobre sobre eles, toleram e oferecem, como modelo para solucionar conflitos o comportamento agressivo. Segundo Fante (2009), as consequencias da atitude do agressor acarretam em “falta de adaptação aos objetivos escolares, a supervalorização da violência como forma de obtenção de poder, o desenvolvimento de habilidades para futuras condutas delituosas, além da projeção de condutas violentas na vida adulta.

[...] a permissividade em família faz com que alguns adolescentes “mostrem-se egoístas, individualistas e apresentem dificuldades em desenvolver amizades, outros ficam despreparados para o futuro e não aprendem como regular as emoções [...], na escola não aceitam limites, agridem colegas, quebram objetos e regras. (BONSUCESSO,1999, p.10).

3.2  As vítimas

As vítimas sofrem tanto com as humilhações que chegam a pensar que são merecedoras destas, não oferecendo resistência alguma. Um forte sentimento de insegurança as impede de solicitar ajuda. Elas têm sua auto-estima prejudicada, quase nunca compartilham seu sofrimento, desenvolvendo algumas atitudes como isolamento social, insegurança, e mostrando-se indefesa diante dos ataques, para evitar o confronto, em muitos casos, desistem de freqüentar a escola. Geralmente são pessoas pouco sociáveis e sem esperança quanto à possibilidade de se adequarem ao grupo. A baixa auto-estima é agravada por intervenções críticas ou pela indiferença dos adultos sobre seu sofrimento. Muitos passam a ter baixo desempenho escolar, resistem ou recusam-se a ir para a escola, chegando a simular doenças.
Para fugir do problema muitos de colégio com freqüência ou, o que é pior, abandonam os estudos. Há jovens que, com extrema depressão, acabam tentando ou cometendo suicídio. Há também uma tendência em permanecer com baixa auto-estima até a fase adulta, o que é altamente prejudicial para o seu relacionamento social.


As conseqüências para as “vítimas” desse fenômeno são graves e abrangentes, promovendo no âmbito escolar o desinteresse pela escola, o déficit de concentração e aprendizagem, a queda do rendimento, o absentismo e a evasão escolar. No âmbito da saúde física e emocional, a baixa na resistência imunológica e na auto-estima, o stress, os sintomas psicossomáticos, transtornos psicológicos, a depressão e o suicídio. (FANTE, 2009, grifo do autor).
3.3  Os espectadores
Nem sempre reconhecido como personagem atuante em uma agressão, é fundamental para a continuidade do conflito. O espectador típico é uma testemunha dos fatos: não sai em defesa da vítima nem se junta aos agressores. As pessoas que testemunham estes acontecimentos, apesar de não concordarem com a agressão, não interferem, mostram-se indiferentes, com medo de serem eleitas pelo agressor como as próximas vítimas.
 Em muitos casos as testemunham unem-se aos agressores para afirmar sua superioridade e também, de modo velado, para salvaguardarem-se. De acordo com Fante (2009), “[...] Para os espectadores, que é [sic] a maioria dos alunos, estes podem sentir insegurança, ansiedade, medo e estresse, comprometendo o seu processo socioeducacional”.


4   ALGUMAS ATITUDES CONTRA A PRÁTICA DO BULLIYNG

No ano de 2009, no estado de Santa Catarina, foi criada uma lei para instituição do programa de combate ao Bullying, de ação interdisciplinar e de participação comunitária nas escolas públicas e privadas do Estado. Tal lei em seu artigo 4º diz que, “Para a implementação deste Programa, a unidade escolar criará uma equipe multidisciplinar, com a participação de docentes, alunos, pais e voluntários, para a promoção de atividades didáticas, informativas, de orientação e prevenção”. Considera-se a aprovação dessa lei uma atitude louvável, desde que seja colocada em prática, pois, todos os esforços envidados para o combate do bulliyng escolar se fazem necessários, pois, a escola é um lugar onde se formam os cidadãos de bem.
Segundo Vygotsky (1991), o homem é um ser social e as condições sócio-culturais o transformam profundamente, desenvolvendo uma série de novos comportamentos positivos. Considerando esse pressuposto, percebe-se a importância da participação dos adultos na resolução dos problemas que afligem os jovens, a fim de torná-los cidadãos de bem.
Acredita-se que a propagação do bulliyng, esteja relacionada a certo “desleixo” por parte das escolas em suprimir tais atos, porém não se pode deixar de enfatizar que os professores e administradores da escola temem represálias ao tomarem atitudes mais drásticas e por isso negam-se a enfrentar o problema. Cabe salientar ainda, que a família tem um grande peso quando se trata de reprimir esse tipo de ação. Um envolvimento mais ativo entre pais e professores nesta questão, serviria para aumentar a conscientização acerca do problema e consequentemente facilitaria a busca por soluções que viessem a amenizar o nível de incidência do bulliyng escolar.
A escola deve capacitar seus colaboradores para que eles possam identificar as vítimas e os agressores e também para que saibam como lidar com essa situação. Ela deve proporcionar aos alunos, um ambiente seguro para que ambas as partes sejam ouvidas e não sejam expostas aos olhares curiosos, deve-se levar em consideração, que tanto a vítima quanto o agressor estão com problemas e necessitam de um acompanhamento emocional.
            Quando não ocorre uma intervenção contra essa prática na escola, a mesma ganha aspectos negativos, propiciando uma insegurança e a ansiedade generalizadas, desestimulando os outros alunos a freqüentarem o ambiente escolar, que deveria ser de absoluta paz e harmonia.

5  CONCLUSÃO

Para que este tipo de violência seja extirpado da comunidade escolar, urge a necessidade de se reeducar os envolvidos, impondo limites, incutindo nos mesmos a capacidade de empatia e ensinando que todas as pessoas tem  direitos e deveres e que o respeito ao próximo é fundamental para uma boa convivência social.
A melhor forma de se extinguir o bulliyng é através do diálogo, todos os envolvidos devem ficar cientes das conseqüências negativas que essa prática acarreta na vida das pessoas e devem refletir acerca disso. É fundamental que, tanto em casa quanto na escola, a criança (ou adolescente) tenha liberdade para dizer o que pensa e o que sofre. O diálogo ajuda a entender o cotidiano do aprendiz. O principal sinal de perigo está naquele aluno que vai ficando apático e que se tranca na sua dor, sem revelar os sentimentos.
É necessário que cada escola, cada educador, cada educadora e cada família reflita e apresente, através de ações concretas, mudanças contínuas e pacientes que possibilitem a educação para a libertação, isto é, que cada vítima encontre entendimento para seu sofrimento e que cada agressor se dê conta de sua transgressão, renovando, assim, a esperança de viver em uma sociedade justa e solidária. É de fundamental importância que se desenvolva nas escolas, ações de solidariedade e de resgate de valores de cidadania, tolerância, respeito mútuo entre alunos e docentes.
Também é importante estimular e valorizar as individualidades dos alunos, além de potencializar eventuais diferenças, canalizando-as para aspectos positivos que resultem na melhoria da auto-estima do estudante. Enfim, deve-se preparar os jovens para que sejam adultos responsáveis e prontos para o exercício da cidadania.

6  REFERÊNCIAS


BONSUCESSO, Edina de Paula. Afeto e Limite: uma vida melhor para pais e filhos. Rio de Janeiro: Dunya Ed. 1999.
CHAUÍ, M. Participando do debate sobre mulher e violência. In: Perspectivas antropológicas da mulher. 3. Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Disponível em: http://www.psicologia.org.br/internacional/pscl84.htm. Acesso em: 21 out. 2010.
MARQUES, Archimedes. Fenômeno Bullying: Malefícios Irreparáveis e Crimes Diversos.      Disponível em  http://www.portalviva.com.br/. Acesso em 14 de Nov. 2010.
VYGOTKS, L.S A Formação Social da Mente. 3. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
WALLON, Henri. Psicologia e Educação da Infância. Lisboa: Estampa, 1975.
SANTA CATARINA. LEI nº 14.651, de 12 de janeiro de 2009. Institui o Programa de Combate ao Bullying, de ação interdisciplinar e de participação comunitária nas escolas públicas e privadas do Estado. Diário Oficial [de Santa Catarina], 18.524, de 12/01/09.


[1] Comportamentos agressivos e anti-sociais
[2] Forma virtual de propagação do fenômeno; conjunto de comportamentos agressivos, intencionais e repetitivos que são adotados por um ou mais alunos contra outros colegas via blogs, Orkut, You Tube, entre outros tipos de sites, além de mensageiros instantâneos e mensagens de texto escritas no telefone celular.

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