Powered By Blogger

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O PESCADOR CEGO



O conto o pescador cego, como os demais de Mia Couto, foi escrito em uma prosa bastante figurativa. Ele consegue fazer com que o leitor sinta-se dentro da cena, tamanha a capacidade de descrição dos ambientes. No conto é usada uma mescla de expressões de vários dialetos moçambicanos, é o que outros autores consideram como “a africanidade do discurso”.
Este conto mostra o dia- a dia desse povo sofrido em busca da sobrevivência, ou seja, de modo sutil nos mostra a miséria em que estes vivem. Este conto, somado aos demais, compõe um retrato da vida real dos moçambicanos, seus mitos e suas crenças. Ele nos chama atenção pelo tom de estranhamento causado em algum as passagens como, a automutilação de Maneca e a tempestade desencadeada pela fumaça do incêndio do barco ( punição dos espíritos). 
Em algumas partes da narrativa estão expostas de maneira realista um forte conteúdo mítico, cuja expressão pode ser a narração do acontecimento insólito (a transfiguração do real) ou a criação de imagens “metamorfoseadoras”, através da linguagem, porém, pode-se notar que, se existe algo como uma personificação ou animação de coisas inertes, também existe nas narrativas um processo que leva à identificação do homem com os objetos ou com o espaço.
 Neste conto, o uso do excesso de informação permite que, através do ponto de vista de Salima, o pescador Maneca Mazembe seja comparado com o barco, o qual está parado desde sua mutilação: “Olhou o marido regressando e viu como se parentavam, homem e coisa: este, carente da luz; aquele, saudoso das ondas” (p. 101). Desse modo, a palavra transforma a realidade; a imagem poética muda a essência dos seres e das coisas. Notou-se que, se de uma parte essas narrativas figuram de maneira realista fatos e momentos históricos importantes do país, de outra parte apresentam um forte conteúdo mítico, cuja expressão pode ser a narração do acontecimento insólito (a transfiguração do real) ou a criação de imagens metamorfoseadoras, através da linguagem.

 ADILSON PIRES

Um comentário: